segunda-feira, 12 de maio de 2008

Manifesto da Associação


Somos uma TEIA…
Cada fio do meu plexo tacteia na tua pele
de macios odores nocturnos.


Bebe o cian, o magenta e o amarelo
da minha paleta de côncavos ventres,
descobre-me o útero ofegante,
mergulhado na liquidez da tua boca frutada,
na rugosidade da tua língua.


Somos uma TEIA…
de infindáveis braços invisíveis,
mas existimos.
Somos feitos de Arte,
alimento da alma,
seiva que corre nas entranhas,
condição para tu… e tu… e tu…
E eu e os meus outros eus sobreviverem
nesta carne perecível,
presa à circunstância de apenas existir,
à dura rotina do quotidiano,
amarelecido nos rostos das sombras,
presa às grades de cimento
que cortam o sol em quarto minguante,
apodrecendo os ossos que ainda te seguram de pé.


Somos uma TEIA…
Dos nossos casulos escorrem
palavras, sons, movimentos, imagens…
Massa indizível
Que segrega os múltiplos sentidos
Que compõem o teu corpo… e o meu
e o meu
e o teu
e os meus
e os teus
e os nossos.


Somos TEIA DOS SENTIDOS, COM SENTIDO


Somos clave de sol em pauta de luz,
dó quente ou si glacial.
E caminhamos num campo de papoilas,
perfumado de violeta, verde e azul
de onde brotam tulipas de água,
fotografias de palavras…


Salomé Pinto

Sem comentários:

Enviar um comentário